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... tenho a liberdade de escrever e deixar ler a quem interessar alguns poemas, fotografias, críticas e outras coisas.A efemeridade da vida e o seu processo cíclico, a efervescência dionisíaca da sociedade são assuntos que quero botar em discussão.Então...fiquem a vontade.

quarta-feira, 10 de outubro de 2012

A Cigarra

Uma cigarra canta sobre a mangueira
No fim de tarde da selva de pedra.
Sinto o cheiro verde no som das buzinas dos carros
E nos risos dos passantes
A cidade é como um altar
Da velha senhora
De linhas suaves escritas em seu rosto
Como um novo poema em papel antigo.
A cigarra ainda canta uma velha cantiga
Canção do meu velho quintal
Onde antes eram várias canções
Nele muitas cigarras cantavam
No fim de tarde da cidade-lilás
A cigarra canta uma canção tristonha
Das memórias da velha mangueira
A cidade tem um poema escrito
Em cada beco
Em cada rua
As linhas que traçam caminhos
Envelhecem a cada amanhecer.
A cigarra ainda canta
Renova cada promessa
Para não ser sugada pelo esquecimento
Envelhecer é perder velhos amigos pro tempo?

segunda-feira, 1 de outubro de 2012

Flor de Lama ou Anarquia das Flores




Do gesto à palavra
O barulho do silêncio
A luz do breu
Olhe
Toque
Cheire
Sue
Corpo que gruda como sanguessuga
Suga os mamilos
Voluptuoso gesto
Das mãos entrelaçadas
à meia luz
Na tapera
Lugar qualquer
À beira da estrada
Em qualquer leito
Mera madrugada
A - dor- meces
Outro dia
A luz
Pé na terra
Na janela
Um corpo sobre a penumbra
Flores orvalhadas
As flores caem
Feito poeira
Como lembranças
Que se perderam no caminho.

Jaqueline Souza