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... tenho a liberdade de escrever e deixar ler a quem interessar alguns poemas, fotografias, críticas e outras coisas.A efemeridade da vida e o seu processo cíclico, a efervescência dionisíaca da sociedade são assuntos que quero botar em discussão.Então...fiquem a vontade.

sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012

Lua de Guita

Haviam duas luas
Uma lua na caixa de fósforos
Lua da menina
Outra no céu
lumina essência
Dentro do sapato
Lua ilumina
Pés de lua
Sapato furado
Pelo buraco entra o rato
O rato comeu a lua
O rato se encantou
Correu e subiu no galho
A lua consome o rato
O rato enluarou
Gotas de luz
Caem sobre as folhas
Gotas de lua
Para dentro do rio
A água serenou
Espelho do luar
História de gostar
Um dia menina contou.
Te juro!

* Baseado no romance Marajó de Dalcídio Jurandir

terça-feira, 21 de fevereiro de 2012

Último Carnaval

Na manhã de carnaval
Vejo meu rosto no espelho de outros rostos
Úmidos
Pálidos
Vozes balbuciam coisas que não compreendo
Pessoas se amontoam
Passam
Lembro do cheiro de flores
E da moça de máscara lilás e brilhante
Crianças correm e riem
às vezes choram
Serpenteia em mim raio de luz da manhã
Com pequenas gotas de confetes
Que molham  e salgam a terra .
O bumbo toca
Segue o cortejo
A vida segue
Com todas as suas cores
É carnaval apenas
Último carnaval.
No espelho dos rostos é só mais um
Carnaval de todo dia
Cotidianamente ridicularizado.
Hoje sou rei
Carregado pelos arautos fúnebres de minha existência
 Repouso eternamente
Nas cinzas da quarta feira.

terça-feira, 14 de fevereiro de 2012

Aranha

                                                        Ode à Má Mère - Louise Borgeois

A aranha trabalha metódicamente
Tece fios de tramas complexas
As mesmas linhas da palma da mão.
Fios de mãos moiras
Levam o caminho para vida ou morte.
A aranha cuida dos filhotes
Tece fios quentes e macios
Um a um
Devoram-se
A mãe traça os destinos.
Quem irá me amamentar?
Aranha materna me acalenta
Trabalha
Mãe- aranha me alimenta
Me prende em sua teia
O que será de mim quando partires?
Afastem-se fiadeiras
O medo não existe?
Uno os fios de tua vida
Para que não fiques por um fio.


segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

Sempre Haverão Outros Carnavais

Gotas de chuva pelas ruas da cidade
Roupas coloridas
Pontos de confete e serpentina
Pessoas que se beijam e se abraçam
Dançam os metais
Em marchas compassadas.
Multidão que passa
Multidão que olha.
Olho tudo de cima
Do alto das cabeças
Aceno o riso.
Outros carnavais esperam por mim
Com suas plumas e paetês
Luzes a iluminar a minha face.
Pierrot vem brincar
Ser quem se quis
Ter o que se deseja
Sempre quis ser grande
E ver o mundo do alto
Acima de todas as cabeças.
Sigo meu caminho
Alguém me pergunta: onde vais?
Respondo: vou por aí,
Sempre haverão outros carnavais
E eles me esperam.



Não Me Ame Tanto


Não me ame tanto
Eu tenho algum problema com amor demais
... Eu jogo tudo no lixo sempre

Não me ame tanto
Não posso suportar um amor que é mais do que
O que eu sinto por dentro
Penso

Desapego corretamente
Ou incorretamente
Um sentimento mesquinho
Que eu sinto por dentro
Tenso
Por isso não me ame
Não me ame tanto

Não me ame tanto
Eu tenho algum problema com amor demais
Eu jogo tudo no lixo sempre

Não me ame tanto
Não posso suportar um amor que é mais do que
O que eu sinto por dentro
Penso

Pego tudo
O meu e o seu amor
Faço um bolo de amor
E jogo fora
Ou como e gozo
Dentro

Karina Buhr